O Festival Materiais Diversos promove o encontro entre diferentes públicos e imaginários em torno das artes (dança, teatro, música e performance) e do pensamento, questionando a actualidade e promovendo a participação cultural como condição de cidadania. Nasceu em Minde, em 2009, alargou-se a Alcanena e ao Cartaxo (em 2013) e tornou-se um dos mais representativos projectos de programação fora dos grandes centros em Portugal, procurando pensar e agir desde os lugares onde se inscreve. Realizou-se anualmente até 2017 e passou a ser bienal a partir da sua décima edição, em 2019.
De 5 a 15 de outubro de 2023, o Festival Materiais Diversos vai estar em Alcanena e Minde com um programa de espetáculos de dança, teatro e música, instalações e conversas. Desacelerar e tornar visíveis as pessoas, os lugares e os processos são os motes da 12ª edição do festival.
Entras na sala de teatro. No meio, vês um pequeno prédio, como uma chaminé industrial. Ficas ali como se fosses simplesmente transferido da tua localização original para a sala de teatro. A chaminé lança fumo, preenchendo o espaço com um movimento lento e espesso. Olhando atentamente, percebes que há portas nas paredes do edifício. Abres uma porta e encontras-te numa pequena cabine dentro do prédio. Há uma cadeira. Sentaste. Um conjunto de auscultadores estão pendurados na parede. Colocas uns nos teus ouvidos. À tua frente, uma pequena janela de vidro permite-te olhar para dentro de outra sala. É uma sala branca, vazia, como uma sala de estar num apartamento vazio nos subúrbios. Parece totalmente desconectada do edifício industrial em que acabaste de entrar. No chão da sala branca, percebes que estão três corpos. A princípio, parecem completamente imóveis. Mas depois, passado algum tempo, percebes que se movem. Como se não pudessem mover-se através da sua estrutura óssea, mas apenas a sua carne, os seus órgãos…
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