Festival

O Festival Materiais Diversos promove o encontro entre diferentes públicos e imaginários em torno das artes (dança, teatro, música e performance) e do pensamento, questionando a actualidade e promovendo a participação cultural como condição de cidadania. Nasceu em Minde, em 2009, alargou-se a Alcanena e ao Cartaxo (em 2013) e tornou-se um dos mais representativos projectos de programação fora dos grandes centros em Portugal, procurando pensar e agir desde os lugares onde se inscreve. Realizou-se anualmente até 2017 e passou a ser bienal a partir da sua décima edição, em 2019.

De 5 a 15 de outubro de 2023, o Festival Materiais Diversos vai estar em Alcanena e Minde com um programa de espetáculos de dança, teatro e música, instalações e conversas. Desacelerar e tornar visíveis as pessoas, os lugares e os processos são os motes da 12ª edição do festival.

2023
2021
2019
2017

Residências Artísticas
28 Setembro 2020 – 10 Outubro 2020
Estúdios Victor Córdon

Traceology

O termo “traceology” vem das palavras trace (trahere) e ciência ou discurso (-logia) e, portanto, designa o ‘discurso’ ou ‘ciência dos traços’. O termo “traceologia” designa um método científico usado na arqueologia, mais especificamente na arqueologia pré-histórica. O objetivo é determinar a função de uma ferramenta antiga, estudando os vestígios deixados nela, observar o polimento e o desgaste, mesmo em escala microscópica. Como tal, esses rastros oferecem pistas; como a ferramenta foi usada e sua função, como foi manuseada, o movimento que gerou e a matéria que pretendia alterar.
Este novo projeto, Traceology, faz parte da minha pesquisa sobre movimento e da exploração de subtextos como possíveis motores para a ação física, assim como meu estudo da dinâmica e dos estados do corpo. Desta vez, porém, o trabalho é visualizado em um contexto social de realidade (pós-) pandêmica em que nossa relação com os outros foi “amputada” no que diz respeito ao sentido de “toque”, um toque que, apesar de tudo, continua sendo fundamental ao trabalho físico.
O que me interessa na ciência da “traceologia” é como ela, em última análise, depende do estudo de uma série, uma sequência de ‘contatos’ e, portanto, de ‘toques’; o contato entre mão e objeto, objeto e matéria e, conseqüentemente, a mão cuja ação transforma a matéria. Uma ciência dos traços ou, como este projeto o vê, um discurso de gestos – aqui o interesse está em todas as variações possíveis de nuances ao executar o mesmo gesto ou uma multiplicidade de gestos, ao mesmo tempo em que sondando o grau de intensidade dramática na resultante dança.
Trabalhando por meio de explorações, abordaremos os vestígios dos gestos como signos de desaparecimento a serem incorporados, mas também como vestígios que recolheremos, classificaremos ou citaremos ao nos aprofundarmos nas marcas materiais que vemos permanecer.
Como se toca um gesto ou ação?
Como se pode ativar o traço de um gesto ou movimento?
Como acompanhamos o surgimento da ação?
Como podemos tocar um movimento interno?
Como se desliza de um gesto para outro outro, movido pelas imagens carregadas, evocadas, evocadas em cada um de nós?
Como podemos criar uma partitura em que as memórias de infinitos toques passados ​​se tornem passagens que habitamos plenamente, no momento presente?
Olga de Soto, 2020

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