BANANADA: OPERANTÍPODA (Parte I) — Marcelo Evelin
Marcelo Evelin estará em residência em Caen e em Faro no mês de abril, e realizará um ensaio aberto no dia 17, às 19h, em Caen.
O Festival Materiais Diversos promove o encontro entre diferentes públicos e imaginários em torno das artes (dança, teatro, música e performance) e do pensamento, questionando a actualidade e promovendo a participação cultural como condição de cidadania. Nasceu em Minde, em 2009, alargou-se a Alcanena e ao Cartaxo (em 2013) e tornou-se um dos mais representativos projectos de programação fora dos grandes centros em Portugal, procurando pensar e agir desde os lugares onde se inscreve. Realizou-se anualmente até 2017 e passou a ser bienal a partir da sua décima edição, em 2019.
De 5 a 15 de outubro de 2023, o Festival Materiais Diversos vai estar em Alcanena e Minde com um programa de espetáculos de dança, teatro e música, instalações e conversas. Desacelerar e tornar visíveis as pessoas, os lugares e os processos são os motes da 12ª edição do festival.
A nova criação da artista Ana Rita Teodoro explora a estética fofo (cute em inglês, Kawaï em japonês, mi-mi em francês) nas suas implicações sociais e políticas. Trata-se de uma peça coreográfica que procura expor o fofo enquanto ferramenta de apaziguamento do pensamento crítico (capitalismo, consumismo), ao mesmo tempo que revela o fofo como uma possível estética emancipatória no panorama da dança contemporânea, onde o minimalismo, a força lenta, a não agressividade, o prazer, se colocam face à velocidade, à agressividade e à dureza dos tempos de hoje.
O FoFo é uma estética que têm vindo a ser investigada e analisada por diferentes teóricos da história da arte, da sociologia e da filosofia nos últimos anos. Forma um pilar importante no desenvolvimento das sociedades de consumo e na manipulação de massas, sendo o Japão é um exemplo central.
Observar como se encontra presente em diferentes domínios, na arte, na literatura e no mundo das mercadorias, permite-nos compreender em larga escala a força inerente da “estética dos sem-poder” (powerlessness) como definida por Sianne Ngai. Justamente, na sua investigação em torno da estética “cute” – The cuteness of the avant garde — torna-se evidente que esta não poderá mais, ser marginalizada no mundo da Arte.
Durante o período de criação foram realizadas duas oficinas de pesquisa com adolescentes no Centro Cultural do Cartaxo e Escola Secundária de Alcanena, a partir de práticas de dança, de improvisação e de Butoh.